Este é um filme para todos os que gostam de cães, em especial da estreita relação que se forma entre um cão e o seu dono. Aqui a fidelidade canina ultrapassa os limites do imaginável e a dedicação é de tal forma que nem a morte pode quebrar uma ligação tão poderosa.
Se ainda restam dúvidas, também sou daqueles que considera que “o cão é o melhor amigo do homem”. Esta declaração de interesses tem razão de ser no filme em questão, porque imagino que quem não goste de cães não o veja da mesma forma.
É difícil evitar ‘spoilers’ neste caso, porque a história que inspira este filme é sobejamente conhecida no mundo dos entusiastas caninos. Hachiko foi um cão japonês, de raça Akita, nascido em 1923, que vivia com o professor Ueno, da Universidade de Tóquio. Durante o seu primeiro ano de vida ia esperá-lo todos os dias à estação de Shibuya, à hora exacta da chegada do comboio. Em Maio de 1925, o dono não voltou. Ueno falecera após um derrame cerebral. Apesar de ter sido dado, Hachiko fugiu e voltou à estação para esperar o seu amigo. Fê-lo diariamente durante nove anos! Hachiko tornou-se uma presença acarinhada para as pessoas que todos os dias se cruzavam com ele, muitas das quais o alimentavam. No entanto, foi um aluno do professor Ueno, especialista em Akitas, que celebrizou esta história magnífica, escrevendo vários artigos na imprensa sobre o assunto. O exemplo de Hachi serviu para motivar uma recuperação desta raça canina que se tornou uma referencial nacional nipónica. Em 1932, foi erigida uma estátua de bronze na estação de Shibuya em homenagem a Hachiko.
Em 1987, o japonês Seijirô Kôyama realizou um filme que retratava esta extraordinária história, intitulado “Hachikô monogatari”. No ano passado, o realizador sueco Lasse Hallström, trouxe-nos um ‘remake’ que é uma versão ocidental de Hachiko passada nos dias de hoje, que só agora se estreou no nosso país.
É um daqueles filmes que se costumam classificar como “familiares”, mas bastante comovente. Nesta versão, Hachiko vem do Japão e mantém o nome, mas tudo se passa nos EUA e há várias alterações. Richard Gere vai bem no papel do professor e o resto do elenco cumpre. Este é um actor que envelheceu bem no ecrã, como se costuma dizer, evitando a tentação de ser uma galã depois de tempo. Mas o filme vale pela história que o inspira e gira à volta dela. Há por exemplo uma coisa que podia ter sido explorada de outra forma, que são as imagens que vemos da perspectiva do cão.
Uma nota para uma curiosidade para portugueses. No caminho que Hachi faz de casa à estação de comboios há um talho que tem anunciado “Chouriço e linguiça”, com a imagem da bandeira nacional. Um pormenor para o qual não resisti chamar a atenção dos menos atentos.
Voltando ao início, se duvida que “o cão é o melhor amigo do homem” veja este filme. [publicado na secção CineMais da edição desta semana de «O Diabo»]
HACHIKO– AMIGO PARA SEMPRE
Título original: Hachiko: A Dog's Story / Hachi: A Dog's Tale
Realização: Lasse Hallström
Com: Richard Gere, Joan Allen, Cary-Hiroyuki Tagawa, Sarah Roemer, Jason Alexander, Erick Avari
EUA/RU, 2009, 93 min.
Estreia em Portugal: 30 de Setembro de 2010.
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